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200 1 _aSecreções, excreções e desatinos
_fRubem Fonseca
210 _aPorto
_cCampo das Letras
_d2002
215 _a133, [2] p
225 2 _aCampo da literatura
_v82
300 _aPrémio Camões 2003
330 _aLeeuwenhoeck, que era dono de um armarinho, inventou o microscópio para ver micróbios. Ele se masturbava e depois examinava o próprio esperma para contemplar aquele miríade de minúsculas criaturas, que possuíam cabeça e cauda, mexendo-se alucinadamente, seres que foi ele o primeiro no mundo a ver. Godofredo leu isso num livro. Inspirado em Leeuwenhoeck, comprou um microscópio para examinar o seu esperma. Mas enquanto o holandês examinou outras secreções e excreções do seu próprio corpo - fezes, urina, saliva - Godofredo se interessou apenas pelo sémen. Até então, tudo o que ele conhecia sobre esse fluido era o seu cheiro de água sanitária, e também o facto de que continha espermatozóides que podiam engravidar uma mulher. A água sanitária, ele leu em uma garrafa desse desinfectante que tinha em casa, era feita de hipoclorito, hidróxido e cloreto de sódio. Mas aqueles pequenos animais que ele via na viscosa secreção esbranquiçada ejaculada pelo seu pénis e lambuzada na lâmina do microscópio não poderiam viver num líquido que servia para limpar vasos sanitários, ralos, pias e latas do lixo
606 _911
_aLiteratura de Expressão Portuguesa
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700 _aFonseca
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_d31/12/2021
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