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090 _a512
100 _a20220611d u||y0frey50 ba
200 _aAs máscaras do destino
_fFlorbela Espanca
_gpref. Agustina Bessa Luís
205 _a6ª ed.
210 _aVenda Nova
_cBertrand Editora
_d1993
215 _a177 p.
330 _aTambém Florbela deixou uma a uma as suas máscaras e, da sua cova, foi chamada para que falasse diante do rei, que é o homem doutro tempo e doutro lugar; o que entende o seu valor, o que lhe concede a justa gloria. As máscaras ficaram abandonadas, ninguém mais as quer decifrar como prova de corrupção e de morte. Até as mais inocentes são inúteis agora; as que eram como uma borboleta azul no rosto do poeta, até essas parecem ridículas. Só a nua face, sem risos e sem lágrimas, aparece. E os versos? Desprendem-se também, e caem na terra; são como os passos verticais dum anjo, pousam numa atmosfera que eles próprios criam. Versos e poeta são coisas diferentes. Uns são amados; o outro é expulso para as trevas que ele ama. Quem compreende o poeta com os seus lamentos? Queixa-se duma dor de dentes, o fígado está inchado, ou os ombros parecem vergados de miséria são-no apenas pelo reumatismo? A água inunda-lhe os olhos, são lágrimas ardentes. Mas não tem ele um pai, um irmão, não o consolam por carta e com beijos doces? Que ingratidão é necessária ao génio para completar a sua liberdade! Florbela foi infeliz com razões para a felicidade. Mas isso vem de que os rouxinóis só de noite cantam bem, e se comovem com o silencio e coma a ameaça dele
606 _915
_aLiteratura Portuguesa
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_bFlorbela
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_bAgustina Bessa
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830 _cTânia Croca
_d31/12/2021
990 _cLIVROS