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200 1 _aAs minhas folhas não caíram dessa árvore que és tu
_fLúcia Vaz Pedro
210 _aLisboa
_cIdeias & Rumos Edições
_d2006
215 _a151 p.
328 _aQuando Laura decidia ir embora, Miguel sentia que ela se embriagava dele e depois lhe vomitava a alma, como se o amor lhe tivesse feito mal. Caminhando descalço pelo jardim desamparado, recordava os delírios do sofrimento, desemaranhando os fios dos seus dias. No quarto, o outro, adormecido pela morfina, finalmente libertara-se das dores que lhe lancetavam os movimentos. Teria pouco tempo de vida e Miguel assumira a responsabilidade de o deixar morrer com o perdão, apesar dele ter sido o portador silencioso da pior noticia que algum dia julgara ouvir. Agora, quase com quarenta anos, olhava a vida com desdém, embora a soubesse bela, tal como a mãe, um dia, lhe ensinara. Sozinho, deslizava por atalhos irregulares, que o deixavam, tantas vezes, junto ao precipício, onde o fascínio se misturava com o medo e o encanto com a agonia. Falhara-lhe o amor, pois, quando, conhecera Laura pensara que seria ela a mulher da sua vida. Nessa altura, ainda confundia paixão com entrega e desejo com cumplicidade. Depois, a vida encaminhara-o fatalmente para a grande prova, traçando-lhe socalcos no coração. As horas da tarde desenhavam o crepúsculo cinzento, mas nunca lhe explicariam as razoes do seu destino
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_aLiteratura Portuguesa
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_d31/12/2021
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