Sete estórias se juntaram para que acontecesse este livro. A escrita de Manuel Rui, limpa, nua de artifícios e adornos, é uma tela em que a oralidade respirada a cada vocábulo imprime as mais vivas pinceladas, os mais incisivos arabescos. Disto são testemunho, por exemplo, o desconcertante soldado cinte mil e catorze; o enigmático menino dos jacarés; os protagonistas de uma divertidíssima comédia de enganos que, por conta da trama em que se enredam, nos provocam o riso; Valódia, com uma dignidade surpreendente para os seus poucos anos; o tímido Isidoro e a sua cativante ingenuidade, aventurando-se pela vez primeira na grande viagem e procurando desesperado o regresso às origens. Personagens que ganham autonomia num universo em que o real e o fictício quase dispensam linha de fronteira. Que se movem em estórias de guerra e sonhos de paz, se vestem de ironia e humor, de esperança e sofrimento. Acompanhadas pelos sons de África, vieram até nós para nos encantar e nos lembrar que o longe fica, afinal, tão perto