A inaudita guerra da avenida Gago Coutinho : e outras histórias / Mário de Carvalho
Menção da edição: 3ª edPublicação: Lisboa : Editorial Caminho, 1992Descrição: 87 p.ISBN: 9789722107754.Coleção: O campo da palavraResumo: O grande Homero às vezes dormitava, garante Horácio. Outro poetas dão-se a uma sesta, de vez em quando, com prejuízo da toada e da eloquência do discurso. Mas, infelizmente, não são apenas os poetas que se deixam dormitar. Os deuses também. Assim aconteceu uma vez a Clio, musa da História que, enfada da imensa tapeçaria milenária a seu cargo, repleta de cores cinzentas e coberta de desenhos redundantes e monótonos, deixou descair a cabeça loura e adormeceu por instantes, enquanto os dedos, por inércia, continuavam a trama. Logo se enlearam dois fios e no desenho se empolou um nó, destoante da lisura do tecido. Amalgamaram-se então as datas de 4 de Junho de 1148 e de 29 de Setembro de 1984. Os automobilistas que nessa manhã de Setembro entravam em Lisboa pela Avenida Gago Coutinho, direitos ao Areeiro, começaram por apanhar um grande susto, e, por instantes, foi, em toda aquela área, um estridente rumor de motores desmultiplicados, travões aplicados a fundo, e uma sarabanda de buzinas ensurdecedora. Tudo isto de mistura com retinir de metais, relinchos de cavalos e imprecações guturais em alta grita. É que, nessa ocasião mesma, a tropa do almóada Ibn-el-Muftar, composta por berberes, azenegues e árabes em número para cima de dez mil, vinha sorrateira pelo valado, quase à beira do esteiro rio que ali então desembocava, com o propósito de pôr cerca às muralhas de Lixbuna, um ano atrás assediada e tomada por hordas de nazarenos odiosos.Assunto - Nome comum: Literatura PortuguesaTipo de documento | Biblioteca actual | Cota | Estado | Data de devolução | Código de barras |
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Livro | LP CAR/INA (Ver prateleira(Abre abaixo)) | Disponível | 200000002495 | ||
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O grande Homero às vezes dormitava, garante Horácio. Outro poetas dão-se a uma sesta, de vez em quando, com prejuízo da toada e da eloquência do discurso. Mas, infelizmente, não são apenas os poetas que se deixam dormitar. Os deuses também.
Assim aconteceu uma vez a Clio, musa da História que, enfada da imensa tapeçaria milenária a seu cargo, repleta de cores cinzentas e coberta de desenhos redundantes e monótonos, deixou descair a cabeça loura e adormeceu por instantes, enquanto os dedos, por inércia, continuavam a trama. Logo se enlearam dois fios e no desenho se empolou um nó, destoante da lisura do tecido. Amalgamaram-se então as datas de 4 de Junho de 1148 e de 29 de Setembro de 1984.
Os automobilistas que nessa manhã de Setembro entravam em Lisboa pela Avenida Gago Coutinho, direitos ao Areeiro, começaram por apanhar um grande susto, e, por instantes, foi, em toda aquela área, um estridente rumor de motores desmultiplicados, travões aplicados a fundo, e uma sarabanda de buzinas ensurdecedora. Tudo isto de mistura com retinir de metais, relinchos de cavalos e imprecações guturais em alta grita.
É que, nessa ocasião mesma, a tropa do almóada Ibn-el-Muftar, composta por berberes, azenegues e árabes em número para cima de dez mil, vinha sorrateira pelo valado, quase à beira do esteiro rio que ali então desembocava, com o propósito de pôr cerca às muralhas de Lixbuna, um ano atrás assediada e tomada por hordas de nazarenos odiosos
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