Mudança / Vergílio Ferreira ; pref. Eduardo Lourenço
Menção da edição: 5ª edPublicação: Venda Nova : Bertrand Editora, 1991Descrição: 263, [1] p.ISBN: 9722502662.Coleção: Obras de Vergílio FerreiraResumo: Só. De fora, vinham remotos ruídos, como a vibração da franja de um sonho ou de febre. Na ponta do seu olhar cansado, Bruno via a vida rolar ligeira, inconsciente, fechada como uma esfera. Homens de face torva abria, navalhas no escuro das algibeiras. Homens desvairados estoiravam no breve instante. Punhais, risos, sonhos, olhos de esperança e de lágrimas, ódio, amor – tudo rolava, largamente, para o silêncio sem tempo. Havia um mistério sombrio num destino assim. Os homens sonhavam-se deuses, porque só um signo de eternidade lhes justificava um passo, uma ideia. Cobertos de ignomínia, de punhos sangrentos, tinham sempre um brado para a distancia ilimitada, um sonho que lhe aureolasse a lepra e o sangue. A morte vinha e cortava-os justamente pelo limite dos eu brado. Trágicos e grandes, desgraçados e magníficos, quando tombavam, enfim, os outros homens cobriam-nos de dó e de pasmo. Um momento, na história, alguns homens acordaram em vida e, doidos, de coragem, mediram-se no seu tamanho. Pedro assim fez. Mas logo viram a sua temeridade, o abismo aberto à frente do seu heroísmo sinistro.Assunto - Nome comum: Literatura PortuguesaTipo de documento | Biblioteca actual | Cota | Estado | Data de devolução | Código de barras |
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Livro | LP FER/MUD (Ver prateleira(Abre abaixo)) | Disponível | 100000016399 |
Só. De fora, vinham remotos ruídos, como a vibração da franja de um sonho ou de febre. Na ponta do seu olhar cansado, Bruno via a vida rolar ligeira, inconsciente, fechada como uma esfera. Homens de face torva abria, navalhas no escuro das algibeiras. Homens desvairados estoiravam no breve instante. Punhais, risos, sonhos, olhos de esperança e de lágrimas, ódio, amor – tudo rolava, largamente, para o silêncio sem tempo. Havia um mistério sombrio num destino assim. Os homens sonhavam-se deuses, porque só um signo de eternidade lhes justificava um passo, uma ideia. Cobertos de ignomínia, de punhos sangrentos, tinham sempre um brado para a distancia ilimitada, um sonho que lhe aureolasse a lepra e o sangue. A morte vinha e cortava-os justamente pelo limite dos eu brado. Trágicos e grandes, desgraçados e magníficos, quando tombavam, enfim, os outros homens cobriam-nos de dó e de pasmo. Um momento, na história, alguns homens acordaram em vida e, doidos, de coragem, mediram-se no seu tamanho. Pedro assim fez. Mas logo viram a sua temeridade, o abismo aberto à frente do seu heroísmo sinistro
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