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As máscaras do destino / Florbela Espanca ; pref. Agustina Bessa Luís

Autor principal: Espanca, FlorbelaAutor secundário: Luís, Agustina BessaMenção da edição: 6ª ed.Publicação: Venda Nova : Bertrand Editora, 1993Descrição: 177 p.ISBN: 972250648X.Resumo: Também Florbela deixou uma a uma as suas máscaras e, da sua cova, foi chamada para que falasse diante do rei, que é o homem doutro tempo e doutro lugar; o que entende o seu valor, o que lhe concede a justa gloria. As máscaras ficaram abandonadas, ninguém mais as quer decifrar como prova de corrupção e de morte. Até as mais inocentes são inúteis agora; as que eram como uma borboleta azul no rosto do poeta, até essas parecem ridículas. Só a nua face, sem risos e sem lágrimas, aparece. E os versos? Desprendem-se também, e caem na terra; são como os passos verticais dum anjo, pousam numa atmosfera que eles próprios criam. Versos e poeta são coisas diferentes. Uns são amados; o outro é expulso para as trevas que ele ama. Quem compreende o poeta com os seus lamentos? Queixa-se duma dor de dentes, o fígado está inchado, ou os ombros parecem vergados de miséria são-no apenas pelo reumatismo? A água inunda-lhe os olhos, são lágrimas ardentes. Mas não tem ele um pai, um irmão, não o consolam por carta e com beijos doces? Que ingratidão é necessária ao génio para completar a sua liberdade! Florbela foi infeliz com razões para a felicidade. Mas isso vem de que os rouxinóis só de noite cantam bem, e se comovem com o silencio e coma a ameaça dele.Assunto - Nome comum: Literatura Portuguesa
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LP ESP/MAS (Ver prateleira(Abre abaixo)) Disponível 100000010770

Também Florbela deixou uma a uma as suas máscaras e, da sua cova, foi chamada para que falasse diante do rei, que é o homem doutro tempo e doutro lugar; o que entende o seu valor, o que lhe concede a justa gloria. As máscaras ficaram abandonadas, ninguém mais as quer decifrar como prova de corrupção e de morte. Até as mais inocentes são inúteis agora; as que eram como uma borboleta azul no rosto do poeta, até essas parecem ridículas. Só a nua face, sem risos e sem lágrimas, aparece. E os versos? Desprendem-se também, e caem na terra; são como os passos verticais dum anjo, pousam numa atmosfera que eles próprios criam. Versos e poeta são coisas diferentes. Uns são amados; o outro é expulso para as trevas que ele ama. Quem compreende o poeta com os seus lamentos? Queixa-se duma dor de dentes, o fígado está inchado, ou os ombros parecem vergados de miséria são-no apenas pelo reumatismo? A água inunda-lhe os olhos, são lágrimas ardentes. Mas não tem ele um pai, um irmão, não o consolam por carta e com beijos doces? Que ingratidão é necessária ao génio para completar a sua liberdade!
Florbela foi infeliz com razões para a felicidade. Mas isso vem de que os rouxinóis só de noite cantam bem, e se comovem com o silencio e coma a ameaça dele

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